Minha amada me disse na semana passada que, uma amiga de sua mãe viria para o Recife, e tinha perguntado se poderia ficar em nosso apto. Antes de eu concordar, ela me disse sorrindo, a nossa visita é evangélica… Eu disse que tudo bem, eu não gosto de religião, mas de pessoas eu adoro, é só ela não tentar me converter que, tudo sairia muito bem.
Ela passou a noite toda vindo de ônibus de Salvador a Recife, e cá pra nós, o mais engraçado é que os evangélicos chamam todo mundo de irmão, mas na hora de ela ser recebida na rodoviaria ou até precisar de alguém, ficam na casa de quem não é seu irmão de fé. Completamente isolados. O mais hilário ainda é que ela é missionária de sua seita e, veio exatamente para orar pelas pessoas em dificuldades no Recife… E não enxerga que ela mesma, não consegue o que ela mesma mais quer na vida. Está sem dinheiro para ficar num bom hotel, sem seus irmãos de fé para recebê-la melhor, podendo prosear no que eles gostam e hospedá-la até melhor, e o pior, ainda demostram muito sós e tristes.
Veja bem, nesses dias, para melhorar o astral, nós a convidamos para conhecer o maior shopping do nordeste, o Rio Mar e, ela recusou. Queríamos levá-la conosco a um bom restaurante, mais uma recusa, talvez com vergonha de estar sem dinheiro, ou se sentir mal, indo a um ambiente totalmente desconhecido. As belas praias e suas piscininhas naturais, ou até a nossa piscina na cobertura, nem pensar. Em nosso apto ela apenas anda de um lado para o outro, sempre com a Bíblia da mulher e o seu celular, no qual conversa apenas com seus irmãos, muito mais sobre o que tem de ruim no mundo. E agora está esperando a sua seita enviar a sua passagem de volta, ficando na maior parte do tempo, ajoelhada no chão duro, só faltando colocar milhos, com a cara enfiada na cama ou no sofá da sala, parecendo mais uma avestruz querendo não ver o mundo a sua volta.
Nesse momento eu pude perceber com muito mais clareza, como as pessoas se tornam um verdadeiro contraste humano, com essas suas crenças limitantes, sem ao menos perceber o mal que fazem a si mesmas, não vivem, vegetam. Eu jamais gostaria de ter uma vida assim. O mundo dela é tão pequeno que, cabe todo ele contado em uma só folha de papel.